A despedida foi dolorosa. As mãos quentes dos que ficaram desejavam reter aquele corpo hirto, sem vida, sem movimento.
Inconformados perguntavam: Por que justo ele, que era tão gentil e carinhoso com todos?
Por que justamente ele, que sabia falar e calar, consolar e distribuir entusiasmo à sua volta?
Por que ele, que era um bom filho, bom irmão, bom esposo e bom pai?
Por que Deus o levou?
Por
que não levou os criminosos renitentes, os corruptos inveterados, os
estelionatários, os infiéis, enfim, porque não levou os homens que
degradam a sociedade?
A resposta para todos esses questionamentos é muito simples.
Consideremos que a vida na Terra é uma oportunidade de crescimento para o Espírito imortal.
A existência, no corpo físico, é uma experiência necessária para que o Espírito progrida na conquista de sua felicidade.
Seria,
por assim dizer, um tipo de prisão, onde ele pode quitar suas dívidas
para com as Leis Divinas e conquistar novas virtudes.
Assim sendo, quem tem poucos débitos liberta-se antes. Quem tem menos compromissos libera-se deles em menor tempo.
Dessa forma, por que queremos que o nosso ente caro permaneça no cárcere se já recebeu alvará de soltura?
Não seria justo, nem do ponto de vista ético nem do racional.
Não queremos dizer com isto que todos os que se libertam antes são menos devedores, pois essa não é a realidade.
Como sabemos, muitos partem antes do tempo por imprevidência ou pelos abusos de toda ordem.
O
que gostaríamos de enfatizar é que aqueles que partem naturalmente,
pelos meios estabelecidos pela Divindade, sem a intervenção egoísta do
homem, podem estar recebendo sua carta de alforria e, por essa razão,
alçam voo antes de nós.
Morrer,
para o justo, é libertar-se. É matar a saudade dos afetos que o
antecederam na viagem de volta. É receber as glórias da vitória por ter
vencido mais uma etapa no mundo físico.
E
morrer, para o injusto, é deparar-se com o tribunal da própria
consciência a acusá-lo por não ter sido corajoso o bastante para
vencer-se a si mesmo e por não ter logrado conquistar mais virtudes.
É
por essa razão que não devemos lamentar a morte dos justos, mas sim a
daqueles que desperdiçam a existência buscando o gozo exclusivo para o
corpo, sem pensar no Espírito, único que sobrevive além da aduana do
túmulo.
* * *
Certo
dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o
seu sublime trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do
inverno, aquela alma generosa deixou o corpo físico.
Seria o fim?
Não.
Era apenas o crepúsculo de uma existência que se encerrava e a aurora
de uma nova etapa que se iniciava, na vida que nunca acaba.
Redação do Momento Espírita
Em 17.05.2010.
Em 17.05.2010.
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